Um grupo de extrema direita suíço, auto-intitulado Genebra Não Conforme (GNC), publicou na internet uma imagem, datada de 17 de junho último, de um homem com o corpo perfurado por uma flecha. Esse personagem usa uma kipa, peiot et a bandeira de Israel no corpo e a imagem é acompanhada de um slogan que diz "1º de Agosto: Salve a Suíça, vise certo". O dia 1º de agosto é a data nacional suíça.
Logicamente o GNC diz que não se trata de anti-semitismo nem de ataque aos judeus e argumenta que o personagem "representa o extremismo israelense (o sionismo) e a política de Israel que comete crimes contra os palestinos e contra aqueles que os ajudam". No entanto, como observa o advogado Jean-Pierre Garbade, não há dúvida de que são bem os judeus o alvo do poster, pois o texto "Salve a Suíça" nada mais é do que a retomada de slogans da Segunda Guerra Mundial que acusavam os judeus de representar um perigo. Apesar do poster mostrar uma bandeira de Israel, a população suíça sabe que esse país não representa uma ameaça para a Suíça. Portanto, não há dúvida de que o cartaz traz uma mensagem anti-semita. Pela voz de seu presidente, Johanne Gurfinkiel, a Coordenação Inter-comunitária contra o Anti-semitismo e a Difamação (CICAD) se insurge contra tal ato do GNC e deverá processar judicialmente os autores do cartaz.
A história do anti-semitismo teve seu capítulo genebrino, como menciono em meu livro O Código David:
"Efetivamente a história da minha querida Genebra não foi exceção. Em 1428 os judeus são agrupados em um gueto no Grand Mezel, uma praça que ainda tem esse nome, junto à rua des Granges. O espaço era minúsculo, as entradas e saídas eram controladas, não havia praticamente perspectivas de trabalho e os judeus deviam usar um sinal distintivo nas roupas, uma pequena roda vermelha e branca. Ainda assim, foram expulsos em 1490, ou seja, dois anos antes da expulsão da Espanha, tendo prevalecido a interdição de residência em Genebra para os judeus por três séculos. Mas é a mesma cidade da Academia de Calvino. É isso o que nos incita a refletir sobre o perigo da democracia cuja legitimidade é proclamada por governos que usam a maioria nas eleições e plebiscitos como forma de excluir as minorias, o respeito pela diversidade. Infelizmente é o que ocorre hoje em vários países, inclusive na América Latina e na Europa. E o fazem com base em um conceito errôneo da democracia. ..."
Esse alerta sobre os perigos da democracia desvirtuada é válido para todos aqueles grupos políticos que acreditam que podem tudo no jogo da conquista do poder, mesmo de parte do poder. E como ilustrado acima, nenhum país está ao abrigo dessas aberrações, nem mesmo os mais desenvolvidos econômica e socialmente. Felizmente que os suíços não são anti-semitas. Mas sempre haverá anti-semitas suíços. Assim como brasileiros e de todas as nacionalidades. Pense nisso e manifeste-se sempre que puder.
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